Chá me traz uma sensação de nostalgia talvez porque me
remeta à época em que morei em Londres. Ele era um companheiro fiel e me
acompanhou por toda a minha estadia por lá. Aqui em São Paulo eu tomo bastante
em casa e no trabalho mas confesso que nunca havia ido à uma casa de chá
propriamente dita. Eis que chega um convite agradabilíssimo para visitar uma
que vai abrir esta semana.
Chegamos na hora do almoço e pedi um quiche. Sinceramente?
Acho que o melhor que já comi em minha vida! Ganha até daquele do 7 Molinos; se
lembram? Este é super leve e veio acompanhado de uma saladinha com um molho que
me fez querer mais. Vocês sabem como isso é impossível hoje em dia pra mim.
Então pontos extras pro lugar! A Cá minha amiga pediu um Crumble de Frango e
não resisiti e provei. Olha, a concorrência estava acirrada. Quando os pratos
chegaram achei que a quantidade podia ser pouca mas quando terminamos vimos que
era perfeita! Principalmente porque tinha que guardar espaço pro que vinha pela
frente: Mousse de chocolate com chocolate belga!
Por incrível que pareça o que mais gostei nele foi o fato de
não ser tão doce. Não era açucarado e a consistência estava no ponto! Mas o
melhor ainda estava por vir. O ator principal da casa. O motivo que nos levou
até lá. O chá.
Pode parecer que ele seria um mero detalhe depois de tudo
mas vou dizer que ele fez jus ao nome da casa e pegou os holofotes só pra ele.
Ele conseguiu trazer exatamente o que busco na comida. Carinho na alma e um
sorriso.
A Gisele, dona da casa, me explicou que o usado é o Mariage
Freres. O melhor da França. Eu acostumada com os chás ingleses fiquei curiosa.
A lata já é um charme total e com ela vem também a sensação da tradição e coisa
gostosa. Ela me conquistou na entrada. Se lembram como compro o livro pela
capa? Então ela me ganhou pela embalagem fofa.
As opções eram das mais variadas e pra quem quer
experimentar algo diferente vale à pena! Tinha desde o chá preto em vários
sabores ao chá verde com sabores igualmente peculiares. Eu sou fã do chá preto
e fiquei com um sabor bauniha (Vanille des iles). Ele veio em uma jarrinha e
íamos nos servindo a medida que a conversa avançava. Um parêntes. A Cá estava
lendo trechos de um livro de crônicas que se chama “Os indecentes”. Dei vexame
de tanto rir. Nesse ritmo de crônicas, dramas pessoais, balanço do ano e planos
para o futuro fomos bebendo o nosso chá. E não dava vontade de ir embora... A
gente ia ficando, ficando.... Quer coisa melhor?
O chá só perdeu para um detalhe: as Madeleines que foram
servidas com ele. Meu Deus! Da próxima vez vou lá só pra comer isso. Derrete na
boca. É feito com gotas de chocolate branco e quando a gente morde ele é aquele
mistura perfeita de sabe-se Deus o que! Vale cada mordida e confesso que
pedimos mais. Saí de lá com uma sensação de que tinha ido finalmente conseguido
me desligar do mundo e consequentemente dos seus problemas por algumas horas.
Quando forem, chamem pela Gisele que ela dará uma atenção
especial. Se derem sorte encontrarão com o marido dela, um francês extremamente
simpático com um sotaque divertidíssimo e os dois filhos pequenos que falam uma
mistura das duas línguas e correm de um lado para o outro como se estivessem em
casa. Tudo isto trás uma atmosfera única ao lugar e faz com que ele sai do
lugar comum que costumamos ir todos os dias. Tudo foi pensado com muito cuidado
e dá pra ver a paixão que existe em cada tempero.
Nome: La Théière
Onde: Rua Pirapora, 50 - Vila Mariana
Telefone: 11 3459-6084
email: latheiere.casadecha@gmail.com