DIA 04 – quinta
O dia amanheceu melhor que a encomenda. Chovendo. Sério. Era tudo que
a gente podia ter pedido neste dia. Carina acordou bem melhor e parecia se
recuperar bem; mas ainda fraca e nenhuma de nós teria coragem de deixa-la
sozinha na pousada. Assim sendo, enquanto ela se recuperava se entupindo de
biscoito maizena e chá de boldo, ficamos todas na varanda lendo nosso livros e
jogando conversa fora.
Eu já estava ficando aflita com a Biografia do Eric Clapton que estava
lendo e estava louca pra acabar. Tudo isto pra pegar o livro que a Carina
estava terminando que me parecia um romance desses que toda menina gosta. Só
pelos suspiros dela enquanto lia já fiquei com vontade de pegar.
Camila relembrou os tempos de câncer e sempre me orgulho dela por ter
vencido esta luta. Me dói o coração escutar por todos os medos que ela passou e
perceber que no fundo no fundo o que mais dói é a possibilidade de não ter
perto as pessoas que a gente ama. Seja porque nós iremos deixa-las ou porque
elas nos deixarão. Até hoje me impressiono quando olho pra ela tão cheia de
vida! Camila é um turbilhão de sentimentos! Vive tudo intensamente. Quando
sofre, sofre. Quando ri, ri. É amiga quando precisa e fala o que você não quer
ouvir, mas que não deixa de ser verdade. É verdadeira no último grau!
Quando a chuva deu uma trégua e vimos que Carina já estava bem. Fomos
dar uma volta na praia e chegamos até o Deck, de nosso amigo Didi. Ficamos
esperando nosso adorado por do sol enquanto escutávamos Barão Vermelho passando
o som pro show da noite.
O por do sol de Barra Grande é o mais bonito que já vi. O tom que tudo
toma no cair do dia é de cair o queixo. Os coqueiros ficam mais verdes e o mar
fica mais azul. O amarelo que o sol joga nas coisas é de tirar o fôlego. Me
peguei várias vezes suspirando olhando a paisagem e normalmente neste horário o
silencio imperava entre nós. Quase que uma referencia à tanta beleza.
À noite, resgatamos Carina e fomos a uma creperia de dois franceses.
Como descrever o dono? Mmmmmmm..... Então. É. Pois é. Isso aí. Coisa linda de
mamãe. Depois de tantos dias falando bobagens, tivemos um jantar falando sobre
política, economia, rumos pro país no futuro. Fiquei sabendo de como o golpe de
nossa ministra Zélia na época Collor abateu a família da Priscila. Nem vou
entrar no mérito de discutir política aqui; mas só de lembrar já fico vermelha
de raiva. E pensar que ele foi reeleito.
Saímos cansadas mas não podíamos perder o show. Não tínhamos feito
nenhum programa noturno mais agitado. Sinal da idade. Então fomos firmes e
fortes. Ouvimos a famosa banda mestiço abrir o show mas estávamos caindo de
sono. Resolvemos que iríamos assistir só às duas primeiras músicas do Barão e
iríamos embora. Mas eis que Danilinho chega. Êeeeee!!!!! E em seguida sua
namorada! Ahhhhhhhhh! Que frustração! Mas eis que chega o vendedor de salada de
fruta! Nem comentei dele, porque era de Priscila. Mas também com namorada!
Ahhhhh!!!! Ô turminha comprometida! Confesso que o Danilinho da minha imaginação
era bem mais bonito que o da realidade. Então eu fingi que não o vi e fiquei
com a imagem que tinha em mente.
No fim das contas o show do Barão foi fantástico! Tocou de tudo dos
anos 80 e ficamos até o final! Dançamos do início ao fim e ficamos fiéis a nossa
amizade sem nenhuma desgarrar do grupo em função de um rabo de bermuda. Aqui
que fala é a recalcada, invejosa que não ficou com ninguém.
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